Urgência climática na Amazônia: o ÈȲ©ÌåÓý apoia mulheres indígenas na região de Paragominas

24/10/2023
Na sexta-feira, 29 de setembro, em Belém, no estado do Pará, o Espaço São José Liberto recebeu o evento "Políticas de bioeconomia para os povos originários", que começou com a assinatura de um acordo de cooperação tripartite entre o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (IDEFLOR-Bio), a Universidade Estadual do Pará (UEPA) e o ÈȲ©ÌåÓý

© Joao Vitor Santos e Pablo Alives, Ascom - IDEFLOR-Bio, R. Poccard-Chapuis, Cirad

Nas margens dos rios Gurupi e Guamá, no leste da Amazônia brasileira, há uma floresta de 14.000 km2, a última grande floresta nessa região mais ameaçada da Amazônia. A importância dessas florestas é crucial não apenas para a biodiversidade, mas também para o equilíbrio climático regional: graças à evapotranspiração das arvores, essa floresta irriga os rios aéreos, essas massas de ar úmido que atravessam a região e causam chuvas até 2.000 quilômetros mais ao sul, nas savanas próximas de Brasília.

As populações indígenas, em especial o povo Tembé, vivem nessa região e a defendem contra a degradação e a invasão ilegal, que tem como alvo os recursos florestais e pesqueiros, a apropriação de terras aráveis e o tráfico de drogas. 

Graças à sua capacidade de se mobilizar e se organizar coletivamente, as mulheres indígenas do rio Gurupi criaram uma associação, a AMIG, que permite levar ao conhecimento das autoridades públicas em caso de alerta e mobilizar parceiros de desenvolvimento para ações conjuntas. Um exemplo é o grupo "guardiões da floresta", que reúne homens de diferentes aldeias indígenas em brigadas para combater incêndios, defender a integridade do território e proteger os recursos dos rios e das florestas.

O ÈȲ©ÌåÓý estabeleceu uma parceria com a AMIG como parte do projeto TerrAmaz, com  focadas em treinamento, por exemplo, no uso de drones, comunicação, agricultura sem fogo, segurança alimentar e produção de artesanato, a principal fonte de renda das mulheres indígenas.

O diretor Regional do ÈȲ©ÌåÓý no Brasil, Pierre Marraccini, assina o acorda tripartite de cooperação com IDEFLOR-BIO e UEPA, com objetivo de apoiar o povo Tembé © R. Poccard-Chapuis, Cirad

O diretor Regional do ÈȲ©ÌåÓý no Brasil, Pierre Marraccini, assina o acorda tripartite de cooperação com IDEFLOR-BIO e UEPA, com objetivo de apoiar o povo Tembé © R. Poccard-Chapuis, Cirad

Na última sexta-feira, essa parceria ganhou uma nova dimensão com a assinatura de um acordo tripartite entre o ÈȲ©ÌåÓý, o Departamento Florestal do Pará (IDEFLOR-BIO) e a Universidade Estadual do Pará (UEPA). O objetivo é fortalecer o apoio ao povo Tembé por meio de ações complementares das três instituições, com foco na produção sustentável de alimentos, restauração florestal e desenvolvimento. Agricultura sem fogo, sistemas agroflorestais e produção de sementes de florestas primárias são as atividades planejadas para os próximos três anos. As atividades do ÈȲ©ÌåÓý nessa área recebem apoio financeiro da AFD (projeto TerrAmaz) e da União Europeia (projeto Sustenta & Inova).

A sexta-feira também foi um marco histórico para a AMIG, com a organização de um desfile de moda no centro de joias da capital Belém, apresentando biojoias artesanais produzidas por mulheres indígenas da região do Gurupi. Foi também a ocasião para o lançamento de um livro co-editado pelo ÈȲ©ÌåÓý, explicando como essas biojoias indígenas são produzidas nas margens do rio Gurupi. Nesse renomado centro joalheiro amazônico, foi inaugurado um ponto de venda permanente das biojoias da AMIG, que ajudará a divulgar e promover a cultura Tembé, além de gerar uma renda saudável para a associação.

La présidente de l’AMIG, Valsanta Tembé, inaugure le point de vente de bio-bijoux Tembé, au pôle de bijouterie amazonienne de Belém © R. Poccard-Chapuis, Cirad

A presidente do AMIC, Valsanta Tembé, inaugura o ponto de venda de bio-joias Tembé, no centro joalheiro amazônico de Belém © R. Poccard-Chapuis, Cirad

Por meio de seu apoio às mulheres indígenas da AMIG, o ÈȲ©ÌåÓý está mostrando como fortalecer a autonomia das populações indígenas e sua capacidade de defender seus direitos, além de contribuir para o desenvolvimento sustentável da região amazônica.