Formando as futuras lideranças da restauração ambiental na Amazônia - Projeto Sustenta & Inova

20/11/2023
Um dos desafios na Amazônia é que os próprios atores da região possam propor iniciativas e políticas que façam sentido para a realidade deles e permitam apoiar suas ações visando mais sustentabilidade. No âmbito do projeto Sustenta & Inova, financiado pela União Europeia para contribuir com as transições sustentáveis na Amazônia, o Cirad, a UFPA, a UFRA e a Embrapa montaram uma especialização universitária em Restauração Ambiental e Sistemas Agroflorestais.
Primeira sessão da especialização, aula em excursão, Santa Bárbara do Pará, 2023. © Ianca Moreira
Primeira sessão da especialização, aula em excursão, Santa Bárbara do Pará, 2023. © Ianca Moreira

Primeira sessão da especialização, aula em excursão, Santa Bárbara do Pará, 2023. © Ianca Moreira

Atravês do encontro entre lideranças comunitárias rurais do estado do Pará, o objetivo dessa formação profissionalizante é de proporcionar a construção de redes e de conhecimentos voltados para a realidade amazônica, a partir do diálogo e da horizontalidade, além de potencializar os impactos positivos de múltiplas iniciativas de restauração ambiental.

 

4ª sessão de especialização, Irituia, Pará, 2023. Ianca Moreira

4ª sessão de especialização, Irituia, Pará, 2023. Ianca Moreira

Os quarenta estudantes formam uma turma diversa: mulheres, homens, jovens, técnicos, agricultores, lideranças de movimentos sociais  e de comunidades, representantes de organizações sociais, do setor público e do terceiro setor, bem como indígenas e quilombolas; eles são advindos de 17 municípios diferentes do nordeste paraense e do Marajó e representam juntos 19 organizações sociais, entre as quais estão assentamentos, associações, secretarias governamentais, comunidades quilombolas, institutos e Resex’s. Desde o princípio, a especialização contou com uma seleção especifica, isto é, os alunos foram escolhidos não só pelos seus graus de formação, mas por suas trajetórias de vida e engajamento como lider. Assim, se espera que os alunos possam gerar impactos de longo prazo em suas comunidades a partir dos conhecimentos adquiridos no âmbito das aulas.

Como os alunos são oriundos de diversos lugares e realidades diferentes, a especialização foi pensada não para que eles viessem até universidade na capital do estado do Para, em Belém, mas sim para que as aulas fossem até eles. Por isso, a especialização é itinerante e cada módulo ocorre em um município diferente. Sendo assim, as aulas já ocorreram nos municípios de Belém, Tomé-Açu, Moju e Irituia. 

A especialização se iniciou em maio de 2023, e desde então, já ocorreram cinco sessões de aulas, com professores da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e organizações como ÈȲ©ÌåÓý (FR) e EMBRAPA, sobre temáticas como os desafios da restauração ambiental, o manejo de sistemas agroflorestais, a saúde dos solos, e aspectos genéticos de seleção de sementes. Ainda ocorrerão cinco outras sessões, sobre o biocontrole de pragas, a transformação dos produtos da sociobiodiversidade, o cooperativismo, as políticas públicas de apoio a agricultura, e a expansão da bioeconomia.

Ao unir técnicos, com graduação e pós-graduação, e agricultores, os quais muitas vezes não passaram pelas salas de aula (porque possuem uma vida dedicada ao trabalho com a terra), no mesmo espaço de aprendizagem, a especialização trabalha com o pressuposto de que a educação é um processo inclusivo de troca de saberes a partir do diálogo e fortalecimento para todos.