Nova doença da mandioca na América do Sul: fortalecimento da cooperação transfronteiriça França-Brasil para combater sua disseminação

13/09/2024
Como parte da 53ª expofeira de Macapá, uma feira de “comércio e negócios” organizada pelo governo do estado do Amapá, o Ȳ foi convidado pela autoridade Territorial da Guiana Francesa (CTG) para participar de sua delegação. O principal objetivo da missão era fortalecer a colaboração transfronteiriça (Guiana Francesa/Brasil) sobre o tema da mandioca e, em particular, da doença da vassoura-de-bruxa da mandioca (CWBD). Foi assinada uma carta de intenções entre a Embrapa e o Ȳ para fortalecer a cooperação científica sobre a CWBD.
Groupe de travail autour de la maladie CWBD lors 53e expofeira de Macapa, Amapá, Brésil
Groupe de travail autour de la maladie CWBD lors 53e expofeira de Macapa, Amapá, Brésil

Grupo de trabalho da CWBD na 53ª Expofeira em Macapá, Amapá, Brasil

O surgimento de doenças da vassoura-de-bruxa da mandioca na América do Sul

Essa nova doença, CWBD (Cassava Witch Broom Diseases), é causada por um fungo Ceratobasidium sp. (Leiva et al.2023) que foi oficialmente detectado pela primeira vez na América do Sul:

  •   na Guiana Francesa, pelo laboratório de saúde vegetal da ANSES
  •   No Brasil, mais especificamente no estado do Amapá, pelo laboratório federal de defesa agropecuária.

Há mais de um ano, o Ȳ vem trabalhando com seus colegas brasileiros da Embrapa Amapá e da mandiocultura de Cruz das Almas (Bahia) nessa questão, a fim de coordenar pesquisas e estratégias de controle contra esse patógeno emergente.

O Ȳ também obteve 200.000 euros em financiamento do CTG em janeiro de 2024 para o projeto Sanimanioc, cujo objetivo é treinar produtores de mandioca para propagar mudas saudáveis e introduzir boas práticas. Os esforços continuarão com um novo projeto no âmbito do programa Interreg Amazon Cooperation (ERDF). O Ȳ gostaria de estabelecer um projeto internacional de mandioca envolvendo a Guiana Francesa, o Brasil e o Suriname, com um componente fitossanitário focado em Ceratobasidium sp.

A Cooperação transfronteiriça e regional para intensificar a luta contra a disseminação da doença

Dois agentes do Ȳ, Margaux Llamas e Yi Zheng, visitaram Macapá de 3 a 9 de setembro de 2024. Um workshop de dois dias com pesquisadores da Embrapa, do IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá) e da UEAP (Universidade Estadual do Amapá) permitiu listar as atividades prioritárias de pesquisa. Após esse trabalho, foi assinada uma carta de intenção de colaboração entre a Embrapa, representada pelo Gerente Geral da Embrapa Amapá, Antonio Claudio Almeida de Carvalho, e o Ȳ, representado por Margaux Llamas, chefe do Centro de Recursos Biológicos de Plantas Perenes (CRB PP). As duas instituições se comprometeram a “fortalecer a colaboração sobre o patógeno fúngico (Ceratobasidium sp.) e sobre métodos agroecológicos para o manejo e controle de doenças da mandioca na Amazônia”. O acordo foi assinado em 6 de setembro de 2024 na 53ª Expofeira de Macapá, na presença do presidente do CTG, Gabriel Serville, do vice-presidente do CTG responsável pela agricultura, pesca, soberania alimentar e mudanças estatutárias, Roger Aron, e do governador do Amapá, Clécio Luis, entre outros.

Assinatura de uma carta de intenções para cooperação sobre CWBD entre o Ȳ e a Embrapa

No sábado, 7 de setembro de 2024, um grupo de trabalho formado pelo Ȳ, CTG, Embrapa, MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil),  RURAP (Instituto sw Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural do Amapá) e DIAGRO (Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Estado de Amapá), reuniu-se para fazer um balanço da situação da crise sanitária da mandioca, tanto do lado francês quanto do brasileiro. As várias estratégias de controle e as perspectivas de cooperação também foram discutidas.

Além de fortalecer os vínculos existentes entre os governos locais (Amapá e Guiana Francesa), o Ȳ e os institutos técnicos e de pesquisa brasileiros, essa missão demonstrou o desejo e a urgência de continuar o trabalho de parceria já iniciado. Para controlar a disseminação sul-americana da doença emergente CWBD, a implementação de uma estratégia regional coordenada entre a França e o Brasil parece crucial.